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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Nervo Laringeo recorrente prova a inexistência de um projetista?


O suposto “Bad Design” no nervo laríngeo recorrente



O nervo laríngeo recorrente tem sido usado para provar a Evolução a partir dos peixes e como prova da inexistência de um Designer (Deus):



Livros famosos de Evolução infelizmente tem dado crédito às teses do ateu e biólogo Richard Dawkins:


Entretanto, algumas homologias efetivamente parecem ser desvantajosas (Seção 10.7.4, p. 309). Um dos nervos cranianos, como veremos, vai do cérebro até a laringe através de um tubo próximo ao coração (Figura 10.12, p. 310). Em peixes, essa é uma rota direta. Mas o mesmo nervo segue a mesma rota em todas as espécies e, na girafa, isso resulta em um desvio absurdo, para baixo e depois para cima do pescoço, de modo que o animal tem de desenvolver em torno de 10 a 15 pés (3 a 4,5 m) a mais de nervo do que deveria caso a conexão fosse direta. O nervo laríngeo recorrente, como é chamado, é certamente ineficiente. E é fácil explicar tal ineficiência admitindo-se que as girafas evoluíram em pequenas etapas a partir de um ancestral similar a um peixe. Mas é difícil imaginar por que as girafas deveriam ter tal nervo caso elas tivessem se originado independentemente.  Evolução .Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006
 p. 82-83


 A recorrência do nervo laríngeo constitui um exemplo notável. Anatomicamente, o nervo laríngeo é o quarto nervo vago, um dos nervos cranianos. Esses nervos surgiram primeiramente nos ancestrais com forma de peixes. Como mostra a Figura 10.12A, nos peixes, ramos sucessivos do nervo vago passam por trás dos arcos arteriais sucessivos que correm em direção às brânquias. Durante a evolução, os arcos branquiais transformaram-se; nos mamíferos, o sexto arco branquial evoluiu para ducto arterial que, anatomicamente, fica próximo ao coração.
 O nervo laríngeo recorrente ainda continua passando por trás do “arco branquial” (hoje completamente modificado): por isso, em um mamífero atual o nervo desce do cérebro, passando pelo pescoço, rodeia a aorta dorsal e retorna para a laringe (Figura 10.12b). Em humanos, esse desvio parece absurdo, mas representa uma distância de apenas 30 a 60 cm.
 Nas girafas atuais, o nervo faz o mesmo desvio, percorrendo toda a distância abaixo e acima do pescoço. É quase certo que esse desvio é desnecessário e, provavelmente, tem um custo para a girafa (porque ela tem de desenvolver mais nervos do que precisa e os sinais enviados através deles serão mais demorados e consumirão mais energia). Ancestralmente, a rota direta do nervo passava atrás da aorta; à medida que o pescoço encompridava na linhagem evolutiva da girafa, o nervo foi levado a um desvio cada vez mais absurdo. Se surgisse um mutante em que o nervo fosse diretamente do cérebro para a laringe, provavelmente ele seria favorecido (embora essa mutação fosse improvável se exigisse uma grande reorganização embriológica); a imperfeição persiste porque não surgiu uma mutação assim (ou surgiu e foi perdida por acaso). O erro surgiu porque a seleção natural opera no curto prazo e cada passo ocorre como uma modificação do que já existe. Esse processo pode levar facilmente a imperfeições devidas a restrições históricas – embora nem todas sejam tão dramáticas como a recorrência do nervo laríngeo nas girafas. Evolução. Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 310-311



O famoso biólogo ateu Richard Dawkins usa este achado biológico como prova da inexistência de Deus no seu livro e vídeo:

Em uma pessoa, a rota adotada pelo nervo laríngeo recorrente representa um desvio de talvez vários centímetros. Mas em uma girafa, está além de uma piada - muitos metros além - fazer um desvio de talvez 15 pés em um adulto grande! No dia seguinte ao dia de Darwin de 2009 (seu 200º aniversário), tive o privilégio de passar o dia inteiro com uma equipe de anatomistas comparados e patologistas veterinários no Royal Veterinary College, perto de Londres, dissecando uma jovem girafa que infelizmente morrera em um zoológico. ...Todos nós, do lado girafa da parede de vidro, estávamos sob ordens estritas de usar macacão laranja e botas brancas, o que de alguma forma aprimorava a qualidade onírica do dia....

Qualquer projetista inteligente teria se livrado  do trajeto descendente do nervo da laringe , substituindo uma jornada de muitos metros por um de alguns centímetros. Além do desperdício de recursos envolvidos em causar tanto nervosismo, não consigo deixar de me perguntar se as vocalizações das girafas estão sujeitas a um atraso, como um correspondente estrangeiro falando por um link de satélite. Uma autoridade disse: 'Apesar da posse de uma laringe bem desenvolvida e de uma natureza gregária, a Girafa é capaz de proferir apenas gemidos ou balidos baixos'. Uma girafa com gagueira é um pensamento carinhoso, mas não vou persegui-lo. O ponto importante é que toda essa história do desvio é um exemplo esplêndido de quão longe as criaturas vivas estão de ser bem projetadas. E, para um evolucionista, a questão importante é por que a seleção natural não funciona como um engenheiro: volte para a prancheta e rejeite as coisas de maneira sensata. É a mesma pergunta que estamos enfrentando repetidamente neste capítulo, e tentei respondê-la de várias maneiras. A laringe recorrente se presta a uma resposta em termos do que os economistas chamam de "custo marginal"....
Tudo isso está fora do ponto principal, que é que o nervo laríngeo recorrente em qualquer mamífero é uma boa evidência contra um projetista....Esse desvio bizarramente longo do pescoço da girafa e vice-versa é exatamente o tipo de coisa que esperamos da evolução pela seleção natural e exatamente o tipo de coisa que não esperamos de nenhum tipo de designer inteligente.
 Dawkins R. The Greatest Show on Earth: The Evidence for Evolution. New York, NY: Free press, 2009.






https://www.youtube.com/watch?v=cO1a1Ek-HD0

Comentários sobre o vídeo:

1- O argumento não se baseia numa predição mas numa constatação.
2- O argumento não é científico e sim teológico ou filosófico, e ainda assim é falho.
3- O argumento das falhas de projeto como o polegar do panda se mostrou até hoje um fracasso.
4- Ainda que se provasse que o nervo laringeo é um mal designe isso não prova que não existe um designer
5- O nervo faríngeo inerva outros órgãos. (ver abaixo) resposta 2




Resposta:
1-Interessante que ao continuarmos a leitura do livro Evolução vemos um princípio interessante de que devemos observar todas as funções do órgão antes de emitir julgamentos:

 Muitos órgãos são adaptados para desempenhar mais de uma função e suas adaptações para cada uma são concessões. Se um órgão for estudado isoladamente, como se fosse uma adaptação para uma de suas funções apenasele pode parecer malprojetado.... 
 Observado isoladamente, com freqüência um caráter parecerá mal-adaptado; mas o padrão correto para avaliar uma adaptação é sua contribuição para a adaptação do organismo em todas as funções em que ela é utilizada, ao longo de toda a vida do organismo. Evolução Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006
 p. 312

2- O nervo laríngeo recorrente tem ramos que inervam outros órgãos além da laringe, portanto o desvio não é desnecessário: 


Os ramos do nervo laríngeo inferior são: ramos cardíacos para o plexo cardíacocomunicações para o simpático, ramos traqueal e esofágico (para a membrana mucosa e musculatura), ramos para o constritor inferior e vários ramos terminais para a laringe ....
O nervo recorrente direito deixa o tronco do vago para contornar ao redor da artéria subclávia. No lado esquerdo, o vago descende entre as artérias carótida comum e subclávia, anterior ao ducto torácico. Na parte superior do mediastino, o nervo cruza o frênico. No mesmo local, o nervo cruza a raiz da artéria subclávia e o arco da aorta. Abaixo do arco da aorta, passa dorsal ao brônquio principal esquerdo e divide-se em ramos. 

Durante o período embrionário, o nervo laríngeo inferior é o nervo do sexto arco branquial e está associado com as artérias do sexto arco arterial. Os ramos dorsais dos seis arcos arteriais e o quinto arco arterial não formam estruturas representativas, fazendo com que o nervo laríngeo inferior se situe livremente no quarto arco arterial. O quarto arco arterial no lado direito se torna a artéria subclávia direita e no lado esquerdo se torna o arco da aorta. Isso explica a variabilidade de trajeto desse nervo nos dois lados do corpo7 . O nervo laríngeo inferior origina-se a diferentes níveis nos dois lados do corpo, uma disposição que se correlaciona com o desenvolvimento dos arcos aórticos no embrião (raramente o nervo pode passar diretamente para a laringe sem recorrer)1 .Revista Brasileira de Cirurgia de  Cabeça Pescoço, v.42, nº 4, p. 220-224, outubro / novembro / dezembro 2013

Nervo Recorrente ( n. Recorrente; nervo laríngeo inferior ou recorrente ) surge, no lado direito, em frente à artéria subclávia; ventos de antes para trás em torno desse vaso e sobem obliquamente para o lado da traquéia atrás da artéria carótida comum e na frente ou atrás da artéria tireoidiana inferior. No lado esquerdo , surge à esquerda do arco da aorta e serpenteia abaixo da aorta no ponto em que o ligamento arterioso está ligado e depois sobe para o lado da traquéia. O nervo de ambos os lados ascende no sulco entre a traquéia e o esôfago, passa sob a borda inferior da constrictor faríngea inferior e entra na laringe por trás da articulação do córnea inferior da cartilagem tireóide com a cricóide; é distribuído a todos os músculos da laringe, exceto o Cricothyreoideus. Ele se comunica com o ramo interno do nervo laríngeo superior e libera alguns filamentos para a membrana mucosa da parte inferior da laringe.
   19
  À medida que o nervo recorrente gira em torno da artéria ou aorta subclávia, ele libera vários filamentos cardíacos para a parte profunda do plexo cardíaco. À medida que ascende no pescoço, emite ramos, mais numerosos do lado esquerdo do que do lado direito, para a membrana mucosa e o revestimento muscular do esôfagoramos para a membrana mucosa e fibras musculares da traquéia; e alguns filamentos faríngeos da constrição inferior da faringe.   https://www.bartleby.com/107/205.html acesso em 18-09-2019


3- O nervo laríngeo inferior só não faz seu longo caminho recorrente em caso de anomalias, o que certamente não favorece o indivíduo ou sua espécie:
O nervo laríngeo inferior não-recorrente apresenta-se mais comumente à direita (0,2 a 4%) e de forma mais rara à esquerda (0,07%). (4) HENRY et al (8), analisando uma série de 3791 cervicotomias, confirmou esta distribuição predominante à direita. Nesta série os autores observaram 17 casos do nervo não-recorrente (0,54%) em 3098 cervicotomias à direita e 2 casos (0,07%) em 2846 cervicotomias à esquerda. A presença de anomalias da artéria subclávia parece estar sempre presente, sendo a causa direta da não recorrência do nervo laríngeo inferior. A artéria subclávia direita, devido alterações de ordem embriogênica, pode ser retroesofageana, impedindo, então, que o nervo seja recorrente. A mesma situação não é observada à esquerda, já que a recorrência ocorre inferiormente ao arco aórtico. Somente na vigência de uma dextrocardia poderemos evidenciar um nervo laríngeo inferior esquerdo não-recorrente, explicando assim o menor número de casos deste lado. (5,9) Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.10, n.4, p. 320, 2006.
Estudos demonstram que a presença do NLINR [Nervo Laríngeo Inferior Não Recorrente] está intimamente correlacionada à ocorrência de uma mal-formação vascular de origem embriológica, denominada artéria lusória. Sua origem deve-se à absorção anormal do quarto arco aórtico. Como a artéria subclávia deixa de ser formada a partir dessa estrutura, o NLI não é conduzido caudalmente quando há o alongamento do pescoço e a descida do coração durante o 9-11,17 desenvolvimento embriológico Revista Brasileira Cirurgia Cabeça Pescoço, v. 36, nº 2, p. 62 - 64, abril / maio / junho 2007
 anomalia da artéria subclávia direita é a malformação vascular mais comum do arco aórtico, sendo presente em 0,05% a 1% da população, estudos relatam que sua ocorrência se dá principalmente em crianças com síndrome de Down do gênero feminino. Os sintomas digestivos são os mais comuns, como vômito e disfagia, já os respiratórios são poucos descritos na literatura os quais dependem da localização da artéria subclávia e do grau de compressão da via aérea ou do esôfago, tais sintomas podem ser concomitantes nos indivíduos. Tosse, pneumonia, sibilos, roncos, e estridor são consequências causadas pela compressão da parede posterior da traqueia pela passagem do bolo alimentar durante a deglutição. Há uma inversão de fluxo da artéria vertebral devido a uma oclusão ou lesão estenótica na origem da artéria subclávia, sendo mais frequente em sua porção distal esquerda, sendo chamada de Síndrome do Roubo da Subclávia (SRS), onde o indivíduo pode apresentar dor muscular no membro superior, tontura, vertigem, ataxia, síncope, dor torácica e arritmia. Conclusão: A artéria subclávia anômala pode acarretar à sérios problemas digestivos e respiratórios. Para a correção da mesma, é preciso ser feito procedimentos cirúrgicos no qual o indivíduo encontrará alívio para os sintomas decorrentes. https://www.even3.com.br/anais/mpct2017/45443-anomalia-da-arteria-subclavia-direita-e-suas-complicacoes/

Conclusões:
1-O nervo laríngeo recorrente não é uma falha de projeto.
2- O nervo laríngeo faz seu longo trajeto porque inerva outros órgãos além da laringe.
3- O caminho direto para o nervo está ligado a anomalias  da artéria subclávia, o que geralmente acarreta danos à saúde.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Neandertal x Homo sapiens sapiens

Os Neandertais e os outros hominídeos, pelo fato de não mostrar evolução na construção de suas ferramentas e nem se espalhar pelo continente não tinham o que todo ser humano tem, aprendizagem social, linguagem abstrata, adaptação cultural cumulativa. Assim existe um abismo entre os hominídeos e o homem.

observe como apenas o homo sapiens sapiens se espalhou pelo mundo

observe que as ferramentas dos hominídeos nunca evoluíram

Assista o vídeo e comprove ou leia a transcrição do vídeo abaixo: Mark Pagel (Biólogo evolucionista)

https://www.ted.com/talks/mark_pagel_how_language_transformed_humanity?language=pt-br#t-292922

"Então, esses chimpanzés utilizam ferramentas e tomamos isso como um sinal de sua inteligência. Mas se fossem realmente inteligentes,por que eles utilizariam um graveto para extrair os cupins do solo em vez de uma pá? E se eles fossem realmente inteligentes, por que eles quebrariam as castanhas com uma pedra? Por que eles não vão a uma loja e compram um saco de castanhas que alguém já quebrou para eles? Por que não? Quer dizer, isso é o que fazemos.
3:15Então, a razão de os chimpanzés não fazerem isso é que eles não têm o que os psicólogos e antropólogos chamam de aprendizado social. Parece que não têm a habilidade de aprender com os outros pela cópia ou imitação ou simplesmente pela observação. Como resultado, eles não podem improvisar as idéias dos outros ou aprender com os erros dos outros — beneficiarem-se da sabedoria dos outros. E assim eles só fazem a mesma coisa todas as vezes. De fato, podemos avançar um milhão de anos e voltar e esses chimpanzés estarão fazendo a mesma coisa com os mesmos gravetos para os cupins e as mesmas pedras para quebrar as castanhas.
3:54Agora, isso pode parecer arrogante, ou mesmo cheio de presunção. Como sabemos disso? Porque era isso exatamente o que nossos ancestrais, os Homo Erectus, faziam. Esses macacos eretos evoluiram na savana africana cerca de dois milhões de anos atrás, e fizeram machados manuais esplêndidos que se ajustam maravilhosamente às suas mãos. Mas se verificarmos os registros fósseis,vemos que faziam o mesmo machado manual repetidamente por um milhão de anos. Você pode verificar isso nos registros fósseis. Agora, se fizermos algumas suposições de quanto tempo vivia um Homo Erectus, quanto tempo vivia sua geração, seriam aproximadamente 40.000 gerações de pais e filhos, e outros indivíduos assistindo, e nas quais o machado manual não mudou. Não fica nem mesmo claro se nossos parentes genéticos próximos, os Neandertais, possuiam aprendizado social. Com certeza, suas ferramentas eram mais complicadas que aquelas do Homo Erectus, mas eles também mostraram pouquíssima mudança nos quase 300.000 anos, aproximadamente que essa espécie, os Neandertais, viveram na Eurásia."
...Se olharmos nossos ancestrais, os Neandertais e o Homo Erectus, nossos ancestrais imediatos, eles estão confinados a pequenas regiões do mundo. Mas quando nossa espécie surgiu cerca de 200.000 anos atrás, algum tempo depois nós rapidamente caminhamos para fora da África e nos espalhamos pelo mundo inteiro, ocupando quase todos os habitats na Terra. Onde outras espécies estão confinadas a lugares para os quais seus genes se adaptaram, com aprendizado social e linguagem,pudemos transformar o ambiente para se ajustarem às nossas necessidades. E então prosperamos de uma maneira que nenhum outro animal conseguiu. A linguagem realmente é o mais potente traço que já evoluiu. É o mais valoroso traço que temos para converter novas terras e recursos em mais pessoas e seus genes do que a seleção natural projetou....
Matt Ridley: Mark, uma pergunta. Svante descobriu que o gen FOXP2, que parece estar associado à linguagem, era também compartilhado da mesma forma com os Neandertais e nós. Temos alguma idéia de como derrotamos os Neandertais se eles também possuiam linguagem?
19:14Mark Pagel: Essa é uma pergunta muito boa. Muitos de vocês conhecem a idéia que há um gen chamado FOXP2 que parece estar implicando de algumas maneiras com o controle motor fino associado com a linguagem. A razão pela qual eu não acredito que isso nos diga que os Neandertais tivessem linguagem é — aqui vai uma simples analogia: Ferraris são carros que têm motor. Meu carro tem um motor, mas não é uma Ferrari. Agora, a resposta simples para isso é que genes por si próprios,não determinam a característica de coisas muito complicadas como a linguagem. O que sabemos desse FOXP2 e os Neandertais é que eles podiam ter controle motor fino em suas bocas — quem sabe. Mas isso não nos diz que necessariamente eles teriam uma linguagem.

TRANSCRIÇÃO COMPLETA DO VIDEO:

0:11Cada um de vocês possui o traço mais poderoso, perigoso e subversivo que a seleção natural já projetou. É uma parte da tecnologia áudio-neural para reprogramar as mentes das outras pessoas. Eu falo da linguagem, é claro, pois ela permite implantar um pensamento de sua mente diretamente na mente de outra pessoa, e elas podem tentar fazer o mesmo com você, sem que nenhum de vocês tenha que fazer uma cirurgia. Em vez disso, quando você fala, está na realidade utilizando uma forma de telemetria não muito diferente do controle remoto da sua televisão. Só que, este dispositivo utiliza pulsos de luz infravermelha, sua linguagem utiliza pulsos, pulsos discretos, de som.
0:55E assim como você utiliza o controle remoto para alterar ajustes internos da televisão para ajustar-se à sua vontade, você utiliza sua linguagem para alterar os ajustes do cérebro de outra pessoa para ajustar-se aos seus interesses. Linguagens são genes falando, conseguindo o que querem. E imagine o senso de maravilha de um bebê quando descobre pela primeira vez, que só proferindo um som, ele pode conseguir que objetos se movam pelo quarto como por mágica, e talvez mesmo até sua boca.
1:25Agora, o poder subversivo da linguagem é reconhecido através das eras na censura, em livros que não podemos ler, frases que não podemos usar e palavras que não podemos dizer. Na verdade, a história bíblica da Torre de Babel é uma fábula e um aviso sobre o poder da linguagem. Conforme essa história, os primeiros humanos desenvolveram o conceito que, utilizando sua linguagem para trabalharem juntos, eles poderiam construir uma torre que levaria todos até o céu. Então Deus, irritado com essa tentativa de usurpar seu poder, destruiu a torre, e a seguir, para assegurar que ela nunca mais fosse reconstruída, ele espalhou as pessoas dando-lhes diferentes línguas — Confundiu-as dando línguas diferentes. E isso nos leva à maravilhosa ironia de que nossas línguas existem para evitar que nos comuniquemos. Mesmo hoje, sabemos que existem palavras que não podemos usar, frases que não podemos dizer, porque se o fizermos, podemos ser criticados, presos, ou mesmo mortos. E tudo isso por um sopro de ar emanando de nossas bocas.
2:29Então, toda essa confusão sobre um só de nossos traços nos diz que é algo que vale a pena explicar.E essas são as razões de como e porque esse notável traço evoluiu, e por que ele evoluiu somente em nossa espécie? É um tanto surpreendente que para conseguir a resposta para essa pergunta,tenhamos que ir para a utilização de ferramentas pelos chimpanzés. Então, esses chimpanzés utilizam ferramentas e tomamos isso como um sinal de sua inteligência. Mas se fossem realmente inteligentes,por que eles utilizariam um graveto para extrair os cupins do solo em vez de uma pá? E se eles fossem realmente inteligentes, por que eles quebrariam as castanhas com uma pedra? Por que eles não vão a uma loja e compram um saco de castanhas que alguém já quebrou para eles? Por que não? Quer dizer, isso é o que fazemos.
3:15Então, a razão de os chimpanzés não fazerem isso é que eles não têm o que os psicólogos e antropólogos chamam de aprendizado social. Parece que não têm a habilidade de aprender com os outros pela cópia ou imitação ou simplesmente pela observação. Como resultado, eles não podem improvisar as idéias dos outros ou aprender com os erros dos outros — beneficiarem-se da sabedoria dos outros. E assim eles só fazem a mesma coisa todas as vezes. De fato, podemos avançar um milhão de anos e voltar e esses chimpanzés estarão fazendo a mesma coisa com os mesmos gravetos para os cupins e as mesmas pedras para quebrar as castanhas.
3:54Agora, isso pode parecer arrogante, ou mesmo cheio de presunção. Como sabemos disso? Porque era isso exatamente o que nossos ancestrais, os Homo Erectus, faziam. Esses macacos eretosevoluiram na savana africana cerca de dois milhões de anos atrás, e fizeram machados manuais esplêndidos que se ajustam maravilhosamente às suas mãos. Mas se verificarmos os registros fósseis,vemos que faziam o mesmo machado manual repetidamente por um milhão de anos. Você pode verificar isso nos registros fósseis. Agora, se fizermos algumas suposições de quanto tempo vivia um Homo Erectus, quanto tempo vivia sua geração, seriam aproximadamente 40.000 gerações de pais e filhos, e outros indivíduos assistindo, e nas quais o machado manual não mudou. Não fica nem mesmo claro se nossos parentes genéticos próximos, os Neandertais, possuiam aprendizado social. Com certeza, suas ferramentas eram mais complicadas que aquelas do Homo Erectus, mas eles também mostraram pouquíssima mudança nos quase 300.000 anos, aproximadamente que essa espécie, os Neandertais, viveram na Eurásia.
4:55OK, então o que isso nos diz é que, ao contrário do velho provérbio, "macaco vê, macaco faz" A surpresa realmente é que todos os outros animais na verdade não podem fazer isso — pelo menos não muito. E mesmo nesta fotografia existe a suspeita de ser preparada — como algo do circo Barnum & Bailey.
5:17Mas por comparação, nós podemos aprender. Podemos aprender por observar outras pessoas e copiar ou imitar o que elas podem fazer. Podemos então escolher, dentre uma gama de opções, a melhor. Podemos nos beneficiar das idéias dos outros. Podemos construir por sobre sua sabedoria. E como resultado, nossas idéias realmente se acumulam, e nossa tecnologia progride. E essa adaptação cultural cumulativa, como chama os antropólogos essa acumulação de idéias é responsável por tudo ao nosso redor no seu movimentado e coletivo dia a dia. Quero dizer que o mundo cresceu fora de qualquer proporção a qual possamos reconhecer mesmo 1.000 a 2.000 anos atrás. E tudo isso por conta da adaptação cultural cumulativa. As cadeiras que sentamos, as luzes desse auditório, meu microfone, os iPads e iPods que vocês levam consigo tudo é um resultado da adaptação cultural cumulativa.
6:16Agora, para muitos comentaristas a adaptação cultural cumulativa, ou aprendizado social, aconteceu, fim da história. Nossa espécie pode fazer coisas, por isso temos prosperado da maneira que nenhuma espécie fez. De fato, nós podemos mesmo fazer as "coisas da vida" — como disse, todas as coisas ao nosso redor. Mas na verdade, verifica-se que em algum momento cerca de 200.000 anos atrás quando nossa espécie surgiu e adquiriu o aprendizado social, foi realmente o começo de nossa história. não o fim de nossa história. Pois nossa aquisição do aprendizado social criaria um dilema social e evolucional, em qual a resolução de cada um, é justo dizer determinaria não só o caminho futuro de nossa psicologia, como o caminho futuro do mundo inteiro. E mais importante para isso, nos dirá porque temos a linguagem.
7:11E o motivo pelo qual o dilema surgiu é que esse aprendizado social é roubo visual. Se posso aprender observando você, eu posso roubar suas melhores idéias, e posso me beneficiar de seus esforços, sem ter que colocar o tempo e energia que você teve para desenvolvê-los. Se eu puder ver que isca você usa para fisgar um peixe, ou ver como você lasca seu machado manual para torná-lo melhor, ou se eu seguí-lo secretamente para sua mata de cogumelos, posso me beneficiar de seu conhecimento, sabedoria e habilidades, e até talvez fisgue aquele peixe antes de você. O aprendizado social é realmente um roubo visual. E qualquer espécie que o adquira, faria com que o seu comportamentofosse esconder suas melhores idéias, antes que alguém as roube de você.
7:58E em algum momento 200.000 anos atrás, nossa espécie se confrontou com essa crise. E nós realmente temos duas opções para lidar com esses conflitos que o roubo visual traria. Uma dessas opções e que poderíamos nos retrair a pequenos grupos familiares. Porque assim os benefícios e nossas idéias e conhecimento fluiriam somente para nossos parentes. Se escolhessemos essa opção,em algum momento 200.000 anos atrás, nós provavelmente ainda viveríamos como os Neandertaisquando entraram inicialmente na Europa 40.000 anos atrás. E isso porque em pequenos grupossurgem menos idéias, há menos inovação. E pequenos grupos são mais propensos a acidentes e má sorte. Assim, se escolhessemos essa trilha, nosso caminho evolucionário nos levaria para a floresta —e seria realmente muito curto.
8:49A outra opção que poderíamos escolher seria desenvolver um sistema de comunicação que nos permitisse compartilhar idéias e cooperarmos uns com os outros. Escolher essa opção, significaria que o grande depósito de conhecimento e sabedoria acumulado estaria disponível para qualquer indivíduoque surgisse de qualquer família individual ou uma pessoa por si própria. Bem, escolhemos a segunda opção, e a linguagem é o resultado.
9:20A linguagem evoluiu para resolver a crise do roubo visual. A linguagem é uma peça da tecnologia social para aumentar os benefícios da cooperação — para se fechar contratos, para fazer acordos e para coordenar nossas atividades. E você pode ver isso, em uma sociedade em desenvolvimento que está começando a adquirir a linguagem, não ter uma linguagem seria como um pássaro sem asas.Assim como a abertura das asas abre uma esfera de ar para os pássaros utilizarem, a linguagem abriu a esfera da cooperação para os humanos utilizarem. E nós desprezamos completamente isso, pois somos uma espécie que está tão à vontade com a linguagem.
9:59Mas temos que perceber que mesmo os simples atos de troca que fazemos são completamente dependentes da linguagem. E para vermos porque, considere dois cenários do ínício de nossa evolução. Imaginemos que você seja muito bom em fazer pontas de flecha mais é incompetente para fazer o corpo da flecha em madeira com as penas colocadas. Duas outras pessoas que você conhece são muito boas em fazer corpo da flecha, mas são muito ruins em fazer pontas de flecha Então o que você faz é — uma dessas pessoas ainda não adquiriu a linguagem. E suponhamos que a outra seja boa nas habilidades de linguagem.
10:34Então o que você faz um dia é pegar uma pilha de pontas de flecha, e caminhar até aquele que não consegue falar bem, e coloca as pontas de flecha aos pés dele, esperando que ele entenda a idéia que você quer trocar as pontas de flecha por flechas acabadas. Mas ele olha para a pilha de pontas de flecha, pensando ser um presente, as apanha, sorri para você e vai embora. Agora, você o persegue gesticulando. Segue-se uma briga e você é esfaqueado com uma de suas próprias pontas de flecha.OK, Repita essa cena agora, e você se aproxima daquele que possui uma linguagem. Você coloca suas pontas de flecha e diz, "Gostaria de trocar essas pontas por flechas acabadas. Divido com você 50/50." O outro diz, "Tudo bem. Para mim está bom. Faremos isso." Agora terminou a negociação.
11:14Uma vez que possuimos a linguagem, nós podemos colocar nossas idéias e cooperar para alcançar a prosperidade que não poderíamos ter antes de adquirí-la. E eis o porquê de nossa espécie ter prosperado ao redor do mundo enquanto os outros animais estão atrás das grades nos zoológicos, definhando. Esse é o porquê de construirmos ônibus espaciais e catedrais enquanto o resto do mundo fura o chão com gravetos para extrair cupins. Certo, se essa visão de linguagem e seu valor na resolução de crises de roubo visual é verdadeira, qualquer espécie que a adquira deve mostrar uma explosão de criatividade e prosperidade. E isso é exatamente o que os registros arqueológicos mostram.
11:55Se olharmos nossos ancestrais, os Neandertais e o Homo Erectus, nossos ancestrais imediatos, eles estão confinados a pequenas regiões do mundo. Mas quando nossa espécie surgiu cerca de 200.000 anos atrás, algum tempo depois nós rapidamente caminhamos para fora da África e nos espalhamos pelo mundo inteiro, ocupando quase todos os habitats na Terra. Onde outras espécies estão confinadas a lugares para os quais seus genes se adaptaram, com aprendizado social e linguagem,pudemos transformar o ambiente para se ajustarem às nossas necessidades. E então prosperamos de uma maneira que nenhum outro animal conseguiu. A linguagem realmente é o mais potente traço que já evoluiu. É o mais valoroso traço que temos para converter novas terras e recursos em mais pessoas e seus genes do que a seleção natural projetou.
12:49A linguagem realmente é a voz dos nossos genes. Agora, uma vez que a linguagem evoluiu, nós fizemos algo estranho, e mesmo bizarro. Conforme nos espalhamos ao redor do mundo,desenvolvemos milhares de linguagens diferentes. Atualmente, existem cerca de sete ou 8.000 línguas diferentes faladas na Terra. Você pode dizer, bem isso é natural. Conforme divergimos, nossas linguagens naturalmente vão divergir. Mas o real mistério e ironia é que a maior densidade de linguagens diferentes na Terra é encontrada onde as pessoas estão bem mais juntas.
13:23Se formos à ilha de Papua Nova Guiné, podemos encontrar 800 a 1000 linguagens humanas distintas,línguas humanas diferentes, faladas somente na mesma ilha. Há lugares nessa ilha que você pode encontrar uma nova língua a cada duas ou três milhas. Agora, por incrível que pareça, eu certa vez encontrei um homem de Papua, e perguntei se isso poderia ser verdade. E ele me disse, "Oh não. Elas estão mais próximas do que isso." E é verdade; Há lugares naquela ilha que se pode encontrar uma nova linguagem a menos de uma milha. E isso também é verdade para algumas remotas ilhas oceânicas.
13:59Então parece que usamos nossa linguagem, não só para cooperar, mas para desenhar anéis em torno de nossos grupos cooperativos e para estabelecer identidades, e talvez proteger nosso conhecimento, sabedoria e habilidades da curiosidade dos outros. E sabemos disso pois, quando estudamos os diferentes grupos de linguagem e os associamos às suas culturas, vemos que diferentes linguagensreduzem o fluxo de idéias entre os grupos. Elas reduzem o fluxo de tecnologias. E mesmo reduzem o fluxo de genes. Agora, eu não posso falar por vocês, mas parece que é o caso que não conseguimos ter sexo com pessoas que não conseguimos falar. (Risos) Mas temos que levar em conta, porém,contra as evidências que ouvimos que pode ter havido alguns desagradáveis encontros genéticos com os Neandertais e os Denisovanos.
14:50(Risos)
14:52OK, essa é uma tendência que temos, parece ser uma tendência natural que temos, para o isolamento, para nos mantermos para nós mesmos, se contradiz fortemente no mundo moderno. Essa notável imagem não é um mapa do mundo. Na verdade, é um mapa das amizades no Facebook. E quando se marca essas ligações de amizade por sua latitude e longitude, literalmente se desenha o mapa do mundo. Nosso mundo moderno está se comunicando consigo mesmo e com cada um mais do que já fez a qualquer tempo no passado. E essa comunicação, essa conectividade em volta do mundo, essa globalização agora traz seu ônus. Uma vez que essas diferentes linguagens impõem uma barreira, como acabamos de ver, na transferência de bens e idéias e tecnologias e sabedoria. E elas impõem uma barreira de cooperação.
15:44E em nenhum lugar se vê mais claramente do que na União Européia, cujos 27 países membros falam 23 línguas oficiais. A União Européia gasta hoje mais de um bilhão de euros anualmente traduzindo entre suas 23 línguas oficiais. É algo na ordem de 1,45 bilhões de dólares somente em custos de tradução. Agora, pense no absurdo desta situação. Se 27 indivíduos desses 27 estados membrossentarem-se em volta da mesa, falando 23 línguas, uma simples matemática lhes dirá que será necessário um exército de 253 tradutores para atender cada par de possibilidades. A União Européia emprega um corpo permanente de quase 2.500 tradutores. E somente em 2007 — e estou certo que existem números mais recentes — algo na ordem de 1,3 milhões de páginas foram traduzidas somente para o inglês.
16:45E então, a linguagem realmente é a solução para a crise de roubo visual. se a linguagem realmente é o conduite de nossa cooperação, a tecnologia que nossa espécie desenvolveu para promover o fluxo livre de idéias, em nosso mundo moderno, nos confrontamos com uma pergunta. E a pergunta é senesse mundo moderno e globalizado podemos realmente suportar ter todas essas diferentes linguagens.
17:13Colocando de outra maneira, a natureza não conhece outra circunstância na qual traços funcionais equivalentes coexistem. Um deles sempre leva o outro à extinção. E vemos essa inexorável marchapara a padronização. Existem muitas e muitas maneiras de medir as coisas — pesá-las e medir seu comprimento — mas o sistema métrico está ganhando. Existem muitos e muitos meios de medir o tempo, mas um sistema realmente bizarro de base 60 conhecido como horas, minutos e segundos é quase universal ao redor do mundo. Existem muitas, muitas maneiras de gravar CDs e DVDs, mas todas elas são padronizadas também. E você provavelmente pensa em muitas, muitas mais em sua própria vida cotidiana.
17:58E então nosso mundo moderno agora nos confronta com um dilema. E esse dilema que esse homem chinês enfrenta, cuja lingua é falada pelo maior número de pessoas no mundo do que outra única língua, e ele está sentado em frente a um quadro negro, convertendo frases em chinês para frases em inglês. E o que isso faz é aumentar a possibilidade para nós que nesse mundo no qual queremos promover cooperação e troca, e num mundo que deve ser mais dependente do que nunca da cooperação para manter nossos níveis de prosperidade, sua ação nos sugere que seja inevitável que tenhamos que confrontar a idéia de que nosso destino deve ser um mundo com uma linguagem.
18:47Obrigado.
18:49(Aplausos)
18:57Matt Ridley: Mark, uma pergunta. Svante descobriu que o gen FOXP2, que parece estar associado à linguagem, era também compartilhado da mesma forma com os Neandertais e nós. Temos alguma idéia de como derrotamos os Neandertais se eles também possuiam linguagem?
19:14Mark Pagel: Essa é uma pergunta muito boa. Muitos de vocês conhecem a idéia que há um gen chamado FOXP2 que parece estar implicando de algumas maneiras com o controle motor fino associado com a linguagem. A razão pela qual eu não acredito que isso nos diga que os Neandertais tivessem linguagem é — aqui vai uma simples analogia: Ferraris são carros que têm motor. Meu carro tem um motor, mas não é uma Ferrari. Agora, a resposta simples para isso é que genes por si próprios,não determinam a característica de coisas muito complicadas como a linguagem. O que sabemos desse FOXP2 e os Neandertais é que eles podiam ter controle motor fino em suas bocas — quem sabe. Mas isso não nos diz que necessariamente eles teriam uma linguagem.
19:55MR: Muito obrigado, realmente.

19:57(Aplauso)
fonte:https://www.ted.com/talks/mark_pagel_how_language_transformed_humanity/transcript?language=pt-br